A moxabustão é uma técnica terapêutica da Medicina Tradicional Chinesa. Baseia-se nos mesmos princípios e conhecimentos dos meridianos de energia utilizados na acupunctura, sendo amplamente utilizada em outros sistemas de Medicina Oriental tradicionais como: Japão, Coreia, Vietname, Tibete e Mongólia. Esta prática, pela documentação antiga existente, parece ser anterior á acupuntura.
Originou-se no norte da China, moxabustão – Jiú (pinyin) significa literalmente, “longo tempo de aplicação do fogo”, sendo considerada uma espécie de acupunctura térmica, feita pela combustão da erva Artemísia sinensis e Artemísia vulgaris. A cauterização, da qual deriva a moxa, foi um desenvolvimento que se seguiu ao uso do fogo. Considerou-se que o aquecimento e a sensação de bem-estar que o fogo propiciava á vida nas cavernas frias e húmidas, assim como as curas furtivas que ocasionalmente aconteciam do toque de um carvão acesso ou pedaço de lenha em brasa, foram os primórdios da cauterização.
A cauterização como método de curar doenças usava originalmente ramos e outros materiais combustíveis comuns. O uso de plantas como principal substância de combustão, data do último período Chou. O livro de Mencios (290 a.C.) refere-se a esta planta (artemísia) “para uma doença de sete anos, procure moxa (artemísia) de três anos de idade)”. Isto sugere que o seu uso já era difundido naquele tempo. Antigamente, praticava-se geralmente o método de cauterização directa, aplicando-se o material combustível directamente sobre a pele. As instruções são encontradas no tratado Tradicional de Zuo (581 a.C.) “acima ou abaixo dos vitais, a cauterização directa não pode ser usada”. Num outro livro “O livro dos segredos de Bian Que”, é mencionado fazer-se moxa para as pessoas dormirem. O clássico de Medicina da Dinastia Han Oriental “Discussão das doenças causadas pelo frio”, também refere as doenças para o qual a cauterização directa é permitida ou proibida.
Naquele tempo, o tamanho da mecha ou cone de moxa era grande e para cada tratamento um grande número de moxa era usado. Mais tarde, nas Dinastias Tang e Song, eram prescritos mais de 100 cones de moxa. Durante as Dinastias Jin e Tang, foi desenvolvido um método de cauterização indirecta, no clássico “Receitas dos mil ducados” vários métodos são discutidos, incluindo colocar a moxa sob um folhado de outros materiais, tais como alho, feijão-soja, cera de abelha, sal ou gengibre, e então queimá-la, no mesmo livro, é descrito um método para tratar doenças auriculares através do qual um tubo de bambu vazio é colocado no orelha e a moxa queimada na outra ponta. Este método era denominado de cauterização com tubo ou cilindro e foi o percursor da técnica moderna do “cilindro aquecido”.
Outro método, inventado na Dinastia Ming (1368-1332 d.C.) era utilizar um ramo de árvore de pêssego ou de amora, que era mergulhado em óleo de gergelim para ser acesso e apagado, então o bastão aquecido era embrulhado com papel macio e era passado como um ferro sobre determinada área da pele. Num desenvolvimento posterior, o pó de moxa seca triturada e outras ervas eram enroladas juntas em bastão com forma de charuto, para ser seguro em uma ponta e ser queimada na outra extremidade a uma pequena distância da pele. Este método ainda é bastante praticado actualmente. Na Dinastia Song (960-1279 d.C.) existem referências em livros médicos sobre cauterização natural ou espontânea, por meio do uso de ervas conhecidas pelas suas propriedades irritantes (ex: Rhus toxicodendron, emplastro de mostarda etc.), que eram friccionadas sobre a pele, produzindo lesão tipo bolha.
O efeito da moxa é semelhante á acupuntura, que age estimulando os pontos da acupunctura para fortalecer a circulação do ki (energia) e do sangue, sendo que a moxa estimula com o calor.
O calor da moxabustão é extremamente penetrante, tornando-se eficaz quando há menos circulação, condições frias e húmidas, além da deficiência do Yang. Quando aplicada aos pontos de acupunctura específicos com deficiências do Yang, o corpo absorve o calor recuperando mais rapidamente o ki (energia) do Yang do corpo e o “fogo ministrial” fonte de todo o calor e energia do corpo. As folhas frescas da planta Artemísia são colhidas na primavera e expostas ao sol para secarem, em seguida são trituradas, examinadas e filtradas para remoção de areia ou talos mais grosseiros, posteriormente, posto de novo ao sol, repetindo-se este processo até se obter a consistência desejada que é um pó fino, macio e claro.
A moxa a usar diretamente sobre a pele (método direto) deve ser extremamente fina, para que possa ser amassada e moldada com as mãos em minúsculos cones, firmes e que não se devem desfazer, para o uso indirecto (não encostar na pele) não é necessário ser tão fina, esta é enrolada fortemente em papel especial de cerca de 15 cm de comprimento, pode ser adicionado pó de outras plantas, formando-se então os bastões ou “charutos” que servirão uma vez acessos numa extremidade para aquecer os pontos ou áreas do corpo.
Uma técnica muito utilizada na China atual é a moxa acesa, que serve para aquecer áreas maiores do corpo e por tempo mais prolongado, a moxa é colocada num instrumento próprio tubelar ou outros formatos com fundo de rede, ficando a seção de combustão da moxa afastada da pele o calor é directamente transmitido a esta. A moxabustão como em todas as terapias que se utilizam instrumentos, dever-se-á ter alguns cuidados e precauções que qualquer profissional conhece perfeitamente, algumas dessas precauções são: não aplicar moxa em síndromes de calor com deficiência do Yin (ex: menopausa ou febre alta); não produzir cicatrizes com moxa; não usar moxa na região lombosacra em mulheres grávidas, e seguir sempre os princípios básicos de diagnóstico da MTC.
Comentários
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário! Paz e luz!